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Proposta nº 16 – Cultura: Museus

Temos poucos museus e os que temos merecem melhorias. Há muito que os museus não são apenas memória estática de património, quer pelos espólios que recolhem, quer pelos edifícios, em si mesmos identitários (p.ex. o Museu de Sta Joana). São e devem ser centros dinâmicos de difusão e atração de eventos de cultura, atraindo com estratégias pedagógicas e de renovação. Num certo sentido, um museu não é um museu: é uma descoberta, uma viagem, uma aprendizagem, uma experiência, um encantamento, respeito, admiração, aculturação. Falta estratégia e, por isso, falta muita coisa. O Museu de Arte Nova está literalmente vazio de peças Arte Nova. O Museu da Cidade é desconhecido. O Museu de Sta Joana era nacional e foi despromovido. Agora precisa de milhões de obras de reabilitação. O ecomuseu da Troncalhada está bem, mas é poucochinho. Temos a responsabilidade de valorizar a nossa identidade, a nossa história, os artistas locais que nos modelaram o barro e pintaram o vento e a luz. E, numa terra agora “turistificada”, uma rede de museus de qualidade consistente será um importante factor de consolidação de uma estratégica de turismo mais diversificada.

O que propomos:

  1. Museu de Arte Nova Adquirir, por doações ou compra, o recheio de uma casa Arte Nova: mobiliário, pinturas e peças decorativas, serviços, etc., por forma a que os visitantes tenham uma experiência imersiva estética total. A Casa Major Pessoa deve ser o polo difusor da Arte Nova da região.

  2. Criar um Museu Etnográfico Os núcleos e acervos existentes em Cacia (Casas do Povo e Rancho do Rio Novo do Príncipe), em Requeixo e em Eixo (Vila Verde) e as recolhas de vestuário e musicais dos nossos grupos cénicos e de cantares das Barrocas e da Ria, podem constituir a base para o recheio de um ambicioso Museu Etnográfico, que seja um repositório das nossas tradições e costumes.

  3. Criar o Museu da Cerâmica, do Azulejo e do Barro A necessidade é manifesta e está em curso um projecto para adaptar a antiga biblioteca a espaço expositivo para Bienal de Cerâmica. O local certo para o Museu de Cerâmica é, porém, evidentemente, a antiga Fábrica Jerónimo Pereira Campos (na área ocupada pelo IEFP). Vamos ver o que se consegue corrigir.

  4. Criar o Museu de Arte Contemporânea A necessidade é evidente: os nossos artistas e os que nos visitam expõem e desaparecem. Não pode ser. A Câmara deve ir reforçando a sua própria coleção de arte e tê-la exposta. Há dois ou três espaços históricos que podem ser reconvertidos para esse efeito (mas não digo quais…EhEhEh). Ou, havendo recursos, apostar em edifício de raíz, em relação com a água.

  5. Criar o Museu dos Ovos Moles e dos produtos regionais A nossa doçaria típica merece um centro vivo de cultura gastronómica e promoção dos produtos da região. Assistir ao fabrico das barricas e à confeção dos ovos moles será um forte ponto de atração turística e de valorização dos produtores. O nosso Museu do Pão.

  6. Criar o “Rianário” e o Museu do Sal O CMIA é uma bela adormecida. A Ria de Aveiro pode constituir objecto de um projecto de visitação pedagógica à biologia lagunar, à sua flora e fauna. O Oceanário foi um sucesso, O Aquário do Bacalhau foi um sucesso. O “Rianário” também pode ser. Sem prejuízo de estratégias de valorização do sal regional, como condição essencial para sua sobrevivência económica, deve haver lugar para uma “viagem” a toda a cultura salícola, instruindo o olhar com a explicação sobre o porquê da paisagem das marinhas ser como é e estar como está.

  7. Criar o Museu das Embarcações Tradicionais Não nos faltam locais para as atracar e preservar. Falta investir na aquisição (moliceiro, mercantel, bateiras, etc), no conceito museológico, no conhecimento. A associação de um estaleiro de construção e reparação naval pode ser um caminho.

  8. Criar um Museu do Automóvel Antigo e do Colecionismo Dos automóveis antigos aos rádios, dos telefones aos brinquedos, das bicicletas aos minerais, etc, etc. Há inúmeras e valiosas coleções privadas que podiam ser partilhadas por todos. Precisamos de encontrar um espaço amplo – talvez uma antiga instalação industrial – onde criar um mostra de excelência.

  9. Criar um Museu de Escultura a céu aberto No futuro, daqui a alguns anos, a Avenida Lourenço Peixinho não será uma estrada com caos rodoviário e um parque de estacionamento de automóveis. Terá mais árvores e será um espaço público aprazível. Ao longo da sua alameda central serão instaladas esculturas de mérito. Nas “pontes”, daqui a alguns meses, será removida a bola – e ninguém vai dar pela falta… Será encontrada uma solução escultórica com expressão e presença de que nos orgulhemos.

  10. Museu da Talha Dourada Eclesial Este museu já existe, nas belíssimas igrejas e capelas do Município: Carmelitas, Igreja de Jesus, Capelas de S. Francisco e de Sto António, Igreja da Vera-Cruz, Igreja da Misericórdia, etc. Falta apenas reforçar a sua visibilidade e oferta turístico-cultural.

  11. A rota e o destino Estas propostas não são para fazer todas de uma vez. A sua concretização depende de vários factores. Nuns casos, já temos o espólio e falta o edifício. Noutros casos, temos edifício e não temos espólio. O que interessa é conhecermos o caminho e sabermos concretizar, paulatinamente, esta estratégia de valorização da nossa identidade. São projectos de valor financeiro desigual, mas todos com retorno patrimonial, cultural e turístico relevante.